Sobre a reforma da Previdência Social do governo Bolsonaro
Sobre a reforma da Previdência Social do governo
Bolsonaro
Houve
várias tentativas de reformar a Previdência Social cujo objetivo declarado era
estabelecer as mesmas regras previdenciárias para todos os brasileiros. Mas o
que aconteceu efetivamente foi que reformas realizadas nos últimos 25 anos prejudicaram
trabalhadores da iniciativa privada e funcionários públicos, como professores e
profissionais da saúde, com redução do valor da aposentadoria e ampliação da
idade mínima para obtê-la.
Infelizmente,
nunca foi possível corrigir as verdadeiras distorções que afetam o sistema
previdenciário: as aposentadorias dos marajás dos três poderes - Executivo,
Legislativo e Judiciário dos âmbitos federal, estadual e municipal, incluindo
as aposentadorias das forças armadas inteiramente pagas pela União, uma vez que
os militares da ativa não contribuem para o sistema previdenciário. Até agora,
essa Legião de abastados, que consome quase metade dos recursos
previdenciários, permaneceu intocada exatamente por sua enorme influência
política.
Por que
deputados e senadores modificariam a legislação que tanto os beneficia e a
outros poderosos de que dependem, como magistrados, membros do ministério
público, governadores, prefeitos e integrantes das forças armadas? Mais uma
vez, as alterações que desejam virão a atingir apenas os trabalhadores do setor
privado e os funcionários responsáveis pelos serviços públicos que beneficiam a
população.
Não foi gratuitamente que, na medida
em que a candidatura peessedebista de centro-direita se mostrava inviável
eleitoralmente, os poderosos de nosso país passaram a apoiar a campanha de Jair
Bolsonaro. Em especial, o setor financeiro aderiu ao candidato de extrema
direita devido principalmente à expectativa de gerenciar a seu bel prazer os
recursos resultantes do modelo de capitalização previdenciária anunciado pelo então
aspirante a ministro, Paulo Guedes. Segundo tal modelo, instaurado no Chile pelo governo Pinochet, o trabalhador teria
descontado mensalmente um percentual de seu salário e parte ou todo seu
dinheiro seria administrado por bancos em contas individuais.
Há dramáticos problemas decorrentes
desse modelo que já são vividos pelos trabalhadores chilenos na medida em que,
por exemplo, apenas recebe o benefício previdenciário quem pagar ao longo da
vida, o que significa que se a pessoa ficar desempregada ou não conseguir
pagar, demorará muito tempo ou não poderá se aposentar. Além disso, se o banco
ou instituição de previdência privada que administra a conta previdenciária
falir ou investir mal o dinheiro do trabalhador, sua aposentadoria pode ficar
inteiramente prejudicada. Lembremos que faliram
várias instituições previdenciárias privadas (como GBOEx, Capemi, A.P.M. e as ligadas às
empresas de Silvio Santos). Mas a expectativa decisiva em relação à reforma da
previdência do governo Bolsonaro que conquistou o empresariado brasileiro é a
de que o empregador deixe de contribuir para o sistema como ocorre atualmente, o
que aumentará ainda mais a desigualdade social em nosso país.
Assim,
somando os problemas das aposentadorias nababescas do setor público com as
distorções decorrentes do modelo de capitalização que se pretende impor aos
trabalhadores do setor privado, cabe perguntar: Bolsonaro terá coragem de
afrontar seus apoiadores para colocar todos os brasileiros, inclusive os integrantes
das forças armadas, no mesmo tipo de previdência ou apenas prejudicará os
trabalhadores em geral, inclusive os funcionários públicos como professores?
Juvenal de Aguiar Penteado Neto - Diretor Estadual
da APEOESP e Vice Presidente do PT de Marília
Maria Elvira Nóbrega Zelante - Professora
Aposentada
Mariana C. Broens - Professora da UNESP.
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