O crime de Brumadinho não pode ficar impune
O crime de Brumadinho não pode ficar impune
Os
meios de comunicação trouxeram no final da semana passada a notícia que a
Companhia Vale do Rio Doce possuía estudos, encaminhados aos órgãos de
fiscalização, que apontavam a dimensão e as consequências de um rompimento na
barragem da mina que possui na cidade de Brumadinho em Minas Gerais. Sabia a
extensão da área que seria atingida e sabiam que o refeitório, administração e
outros prédios onde transitavam centenas de funcionários seriam devastados.
Denúncias
veiculadas nas mídias sociais e corroboradas pelo Movimento dos Atingidos por
barragens (MAB) também demonstram que a Vale sabia que a barragem já
apresentava trincas, assim como sabe que outras barragens podem se romper.
Portanto,
o que ocorreu em Brumadinho nem de longe pode ser considerado um desastre.
Houve um crime e esse crime tem como principal culpado a Companhia Vale do Rio
Doce, além de outros, que agiram a seu comando ou foram coniventes por
interesse político ou financeiro.
A
Companhia Vale do Rio Doce é um patrimônio nacional. Fundada em 1942 pelo
Presidente Getúlio Vargas, foi privatizada de forma irresponsável pelo
Presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997. Muitas pessoas desinformadas
atacam as empresas estatais, mas a Vale era uma das maiores companhias do
mundo, dava enormes lucros para o país (e não para grupos privados) e durante
35 anos, de 1942 a 1997, não protagonizou nenhuma tragédia. Após a privatização
já foram 12 ocorrências graves envolvendo a empresa.
Temos
que ser solidários com as famílias das vítimas de Brumadinho, assim como fomos
com as de Mariana, local de outro grave crime da Vale ocorrido em 2015.
Coloquei meu escritório em Piracicaba, que fica na Avenida Governador Pedro de
Toledo, 1765) como ponto de coleta de alimentos, roupas e remédios. Temos
também que cobrar justiça. O mesmo judiciário que julgou e condenou o
ex-Presidente Lula em apenas 6 meses, até hoje não deu seu pronunciamento sobre
o caso de Mariana.
Infelizmente,
tanto o Governo federal, quanto o Governo Estadual falam e agem na direção
contrária do que é necessário para que se possam evitar novos acontecimentos
como o de Brumadinho. Não existe um levantamento oficial confiável sobre o
número de barragens que existem no Brasil, nem no estado de São Paulo.
Estima-se que 3,5 milhões de pessoas vivam nessas áreas de risco. Porém, o
Presidente da República diz que pretender flexibilizar a legislação ambiental
porque ela atrapalha os empresários. Opinião não muito diferente do Governador
João Doria.
Que
a tragédia de Brumadinho seja um alerta a eles e a toda a sociedade. O ambiente
em que vivemos está em precário equilíbrio. Em geral, é a população pobre que é
atingida quando a indiferença ou ação irresponsável do Estado permite que esse
precário equilíbrio se rompa. É preciso, portanto, que não apenas a legislação
seja aperfeiçoada (e não abrandada), como que a justiça aja para condenar e
prender culpados por crimes ambientais e, mais ainda, que o poder público dê
condições de moradia e emprego para que as populações em risco possam se
colocar a salvo.
Como
Deputada Estadual eleita, tenho o compromisso de atuar no estado de São Paulo
pela preservação do meio ambiente e pela garantia de condições de moradia e
qualidade de vida para a população. Com a participação do MAB e outros
movimentos sociais, nosso mandato popular trabalhará neste sentido. Como
educadora, terei um olhar especial para a educação pública, para que nas
escolas a defesa do meio ambiente esteja sempre presente.
Professora Bebel
Presidenta da APEOESP
Deputada estadual eleita
Presidenta da APEOESP
Deputada estadual eleita
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