Civilização ou barbárie?
Civilização ou barbárie?
O Brasil atingiu um milhão de
infectados pelo vírus Covid-19. Está em segundo lugar no mundo no número de
mortes por esta doença, sem perspectiva de melhora, já que não há preocupação
do governo federal em controlar ou minimizar esta tragédia. Em plena pandemia, Bolsonaro
demitiu dois Ministros da Saúde, substituindo-os interinamente pelo General
Eduardo Pazuello que está no cargo há mais de um mês agindo de forma
inexpressiva e ineficiente. Além do mais a atitude do presidente é de afronta
às evidências científicas e ao respeito aos doentes e famílias enlutadas. Pede
a seus seguidores que invadam hospitais e filmem seu interior, não respeita o
isolamento social e muitas vezes nem o uso de máscara. É um péssimo exemplo.
Além do problema sanitário
gravíssimo, a economia brasileira se apresenta em frangalhos, deixando a
população à deriva. Problema este já iniciado antes da pandemia, por
incompetência do Ministro da Fazenda.
Neste cenário o que faz o PSDB?
Cai, finalmente, do muro, mas do lado errado! Disse que agora não é momento de
impeachment de Bolsonaro, embora deva mudar de opinião frente à prisão de
Queiroz que deverá abalar as estruturas do governo.
Mas por que setores da direita,
especialmente o PSDB, não partiram para o “Fora Bolsonaro”? Simplesmente, porque o colocaram no governo e
não querem dar o braço a torcer? Não, pois, embora tenham se arrependido desta
escolha, pela vergonha nacional e internacional que o presidente representa, a
direita aprova a política econômica de Guedes que deu continuidade ao projeto “Uma
Ponte para o Futuro” de Temer que nos levou a um passado remoto desolador.
Guedes atenta contra a soberania nacional, os direitos trabalhistas, direitos
previdenciários, benefícios e garantias da população mais carente, mas favorece
o sistema financeiro. E isso agrada aos donos do dinheiro e aos manipuladores
da opinião pública.
Na mídia alternativa, vemos Lula,
Dilma, Haddad, Gleisi Hoffman, Chioro, Benedita da Silva, Mercadante, Flávio
Dino, Boulos serem entrevistados. Quanta sabedoria, opiniões embasadas, sugestões
de solução aos problemas econômicos e sanitários são apresentados, mas
perguntamos: alguém os vê opinando na mídia conservadora e hegemônica? Alguém
os vê no noticiário cotidiano da Rede Globo, por exemplo? Quais as razões desta
tentativa de invisibilidade da esquerda, especialmente do Partido dos Trabalhadores
que já governou o país com tanto sucesso?
As mídias conservadoras, seguidas
por mídias menores, mas tradicionais, sempre fizeram uma grande propaganda contra
o Partido dos Trabalhadores, criando um antipetismo irracional nos eleitores.
Tamanha rejeição por um partido que trouxe tantas conquistas aos brasileiros
não é natural, mas produzida por anos de calúnia, mentiras, difamação,
desmoralização, com o intuito de destruir um projeto popular, inclusivo, que
objetivava reparar injustiças históricas contra o povo brasileiro.
O PT, com falhas e acertos,
estava elevando a condição de vida dos brasileiros a um patamar de país
civilizado de primeiro mundo. Inúmeros projetos abordavam questões que nunca
antes haviam sido discutidas e implementadas, como a introdução da cultura
africana nos currículos escolares; como o respeito à diversidade de gênero, étnica,
religiosa, cultural, a partir da criação de lei antirracista, ou de lei que
pune a violência contra a mulher, além da valorização de exposições, peças
teatrais, concertos, festas populares, museus que expunham este caleidoscópio
cultural que tanto caracteriza nosso povo. Houve também a preocupação com as
oportunidades de ingresso ao curso superior da população negra e/ou pobre,
através do sistema de cotas ou de cursinhos populares; a criação de universidades e institutos
federais; a profissionalização das empregadas domésticas; o estímulo ao consumo
de bens materiais, tais como a compra da casa própria, carro, pacote de viagem
pela população mais carente. Houve também o projeto “Ciências sem Fronteiras” que
levou nosso estudante para o contato com a elite intelectual e científica dos
países desenvolvidos. O perfil do brasileiro vinha mudando, sua autoestima
crescendo, sua situação econômica melhorando, sua confiança no governo
aumentando, mas tudo isso desagradou quem não gosta de ascensão social. Assim
enquanto uma maioria seguia feliz, uma minoria ruminava ódio, rejeição,
preconceito, racismo, misoginia, homofobia. Não se conformava de ver
brasileiros recebendo bolsa família, entrando em faculdade, empinando o nariz,
exigindo respeito, não aceitando mais as migalhas que lhes eram oferecidas.
Assim, essa minoria insatisfeita, mas poderosa, criou o discurso de ódio contra
os partidos políticos e líderes populares que foi se materializando em ameaças,
lawfare, divulgação massiva de Fake News por uma mídia conservadora que depende
de patrocínio, principalmente dos grandes empresários e das grandes corporações
do capitalismo financeiro que desejam voltar ao tempo da exploração do povo brasileiro
e do avilte à nossa soberania.
Infelizmente, o poder de
manipulação de quem tem o poder econômico nas mãos é devastador e o povo caiu neste
engodo. Fechou os olhos para situações tão óbvias: quais os partidos, líderes
políticos e parlamentares que defendem os interesses do povo? Quem saiu em
defesa da CLT, dos direitos trabalhistas, da valorização do salário mínimo, mas
contra a Reforma da Previdência? Quem
foi contra a PEC da Morte que congelou gastos na Saúde e Educação por 20 anos?
Quem defendeu a universidade pública e mais recentemente a renda emergencial
para os trabalhadores informais, ambulantes, desempregados? E empréstimos
favoráveis aos pequenos e médios empresários? Quem defende a Amazônia e os
povos nativos? Quem defende a agricultura familiar e o MST? Quem defende o
povo? Os partidos e líderes de esquerda, obviamente!
Quais foram os Deputados,
Vereadores, Prefeito de nossa cidade que se manifestaram contra as reformas?
Nenhum! Todos só estão ao lado do povo na hora das eleições. Todos os políticos
que são eleitos e reeleitos por nossa cidade na hora “H” defendem os interesses
do Governador e da nossa elite, ou seja: nunca estão ao lado do nosso povo.
Agora estamos sem direitos, sem
empregos, sem salários, sem empresas, com medo da fome e do vírus. Com certeza,
tudo seria bem menos trágico, mais humano, mais promissor, se a maioria tivesse
optado, em 2018, pela civilização no lugar da barbárie. Mas neste ano, haverá
novas eleições para prefeito e vereadores. E o PT terá candidatos! Quem sabe a
virada vai começar. Chega de barbárie!
Prof. Juvenal de Aguiar - Diretor
Estadual da APEOESP (Afastado por motivo eleitoral) e Maria Elvira Nóbrega
Zelante – Professora aposentada, militantes do Partido dos Trabalhadores e
Membros da Executiva Municipal de Marília.
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