O arrocho salarial do Magistério é fruto da política compensatória!


         Historicamente o respeito ao mestre foi inerente ao modelo e interesse econômico do governo. No caso do Estado de São Paulo podemos afirmar que a conseqüência da queda salarial é devido à política de compensação social.
         Até a década de sessenta o Professor Secundário recebia salário igual ao do Promotor Público e do Capitão da Força Pública. Era autoridade para todos os fins.
         A presença do professor secundário era notada por todos. Na escola desempenhava um trabalho com prazer e eficiência.
         A partir da década de sessenta a situação do Magistério começou a preocupar. A primeira queda do salário provocou a greve de 1961. Os professores usavam terno e gravata. Era regra para todos os funcionários públicos. Mesmo a caráter os mestres foram à greve. O motivo foi o arrocho salarial, mas a política brasileira começava a complicar a vida do Magistério, tendo em vista a orientação da educação que era nos moldes da França (formar o cidadão) passou à orientação norte-americana (formar trabalhadores).
         Coincidência ou não começou a decadência dos salários do magistério com a introdução das políticas compensatórias.
         O fenômeno do êxodo rural se ampliou a partir da década de sessenta. Grande massa rural foi expulsa das fazendas para as cidades. Conseqüentemente era necessário o aumento do número de escolas, das instituições da saúde e da assistência social.
         Na escola havia uma instituição chamada “caixa escolar”, onde as famílias contribuíam para ajudar os mais humildes.
         Os pais mais abastados pagavam, mensalmente, a sopa escolar que revertia em sopa e material didático para os mais pobres.
         O governo acabou com a caixa escolar e iniciou a distribuição da merenda escolar, coincidência ou não o mestre não recebeu os reajustes necessários.
Nas escolas situadas em regiões mais nobres instituiu-se a taxa da APM que ajudava na manutenção da Escola.
         Na década de setenta o governo passou a entregar aos alunos paulatinamente todos os livros didáticos com a conseqüente perda salarial do magistério.
         Na década de oitenta, proibiu a cobrança de taxas para as APM, mesmo as de caráter facultativo e passou a distribuir, basicamente, todo material didático necessário às aulas.
         A partir dos anos oitenta o salário do mestre iniciou uma derrocada impressionante. Havia até duas greves anuais. A APEOESP dirigiu greves com mais de 100.000 professores, sempre havia reposição, mas o processo inflacionário levava a novas greves.
         Nos anos noventa foi incrementado alguns cursos que os alunos recebiam ajuda de custo.
         Quando se analisa a política compensatória parece que o governo paulista trabalhou a política de compensação social com a redução salarial do Magistério.
         Este assunto merece melhores estudos. É uma sugestão às entidades do Magistério. Como foi realizada a política compensatória do nosso Estado? Tudo indica que foi às custas do salário do Magistério.

Prof Juvenal de Aguiar – Diretor Estadual da APEOESP.

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