Em defesa de uma política exonômica em prol do bem comum
Em defesa de uma política econômica em prol do bem comum
Quais são as causas da atual estagnação econômica de nosso país?
Por que enfrentamos índices de desemprego elevadíssimos? Por que o rendimento
da poupança é ridiculamente baixo enquanto os juros de empréstimos bancários
são absurdamente elevados? O cenário trágico que vivenciamos em nosso país é
decorrência da política econômica neoliberal ortodoxa, a qual defende,
basicamente, que o controle da inflação se dá contendo o consumo com juros
altos.
Mas como chegamos a esta situação? A ciranda financeira,
de maneira ilegal e imoral, criou uma gigantesca dívida interna com os
banqueiros e rentistas. Não há nenhum tipo de controle público para responder,
por exemplo: Como a dívida assumiu as proporções atuais? Qual é, efetivamente,
o montante da dívida? Como são pagos os juros e respectivos valores? Quanto foi
pago do valor devido? Porque já pagamos mais de juros do que o valor da dívida?
É necessário que se faça uma auditoria na dívida interna para sabermos de fato
quanto devemos, se é que efetivamente devemos.
A
estratégia de recolher a sobra diária de dinheiro existente nos bancos ao Banco
Central provocou o contínuo aumento da dívida. Trata-se de dinheiro que os bancos
não conseguem emprestar ao mercado pelos juros altos que cobram. Mas por que o
Banco Central adota esta política suicida? O dinheiro que sobra deve ficar no
próprio banco para baratear os juros, como é feito na maioria dos países.
Assim, essa política do Banco Central é imoral. Devemos honrar uma dívida que é
artificialmente criada, é apenas especulativa e não gera nenhum benefício
social?
Porque, por exemplo, o nosso país não toma a iniciativa de
emitir moeda no valor da dívida interna para pagar os bancos e os rentistas e,
ao mesmo tempo, fica com a dívida na própria união, sem ter que desembolsar
juros? Em 2008, os Estados Unidos fizeram exatamente
isso! Emitiram dólares para resolver seus problemas internos e externos e
assumiram a dívida através do tesouro americano. Historicamente os EUA fazem
isso sempre. Por que nós não podemos fazer o mesmo?
Os EUA aplicam para si a Teoria Monetária Moderna
(MMT). Essa teoria recomenda a impressão de moeda para sanear as dívidas públicas
e fazer investimentos para o desenvolvimento da nação, o benefício geral e para
resolver os problemas sociais. Foi a estratégia adotada pelos Estados Unidos quando
Theodore Roosevelt enfrentou a crise da especulação na bolsa de valores de 1929
interferindo no mercado e emitindo moeda para criar empregos. Sabe-se que o
Japão, a Rússia e a China já adotaram a mesma estratégia de emissão de moeda
para solucionar os problemas semelhantes.
No entanto, as propostas da política econômica do Ministro Paulo
Guedes vão na direção oposta àquela adotada pelos EUA quando buscaram soluções
para suas próprias crises. Será que a
política econômica do ex-banqueiro Paulo Guedes (se é que existem
ex-banqueiros!) tem como objetivo o bem comum dos brasileiros ou a defesa dos
interesses do sistema financeiro?
Uma das propostas de Paulo Guedes, já enviada ao Congresso
Nacional, é conceder autonomia ao Banco Central, com o argumento de que a
autonomia evitaria a ingerência de interesses políticos na dinâmica do mercado,
o que aumentaria a credibilidade da economia, gerando estabilidade.
Mas quem diz que é benéfico para nosso país que o mercado tenha autonomia para implementar sua lógica sem
controle público?
Ao contrário, o Banco Central não pode ter autonomia. Precisa de
controle público para implantar políticas de bem estar social através de todas
as instituições bancárias. Inclusive, acabando com o cartel das seis redes
bancárias que controlam o mercado financeiro no Brasil. Devemos abrir nossa
economia para criar centenas de outras redes com a finalidade de diminuir os
juros através da competição capitalista. O presidente do Banco Central não pode
ser um banqueiro, deve ser uma pessoa desinteressada com valores humanitários.
O caminho em defesa dos interesses da nação é muito diferente ao
caminho proposto pelo atual Ministro da Economia. Para promover o bem estar social deveríamos anular
todas as reformas realizadas desde o golpe de estado de 2016, adotando uma
política monetária semelhante à que permitiu a vários países superar crises
econômicas e gerar empregos.
As ideias aqui defendidas podem parecer excêntricas, mas renomados
economistas brasileiros defendem as
soluções apontadas. Dentre eles merece destaque André Lara Resende, um dos
idealizadores do Plano Real. Em seus artigos, ele argumenta que é possível
resolver os problemas brasileiros através da emissão de moeda com a
responsabilidade da União implementar programas específicos para a geração de
emprego e o saneamento da dívida interna. Estas são medidas que, efetivamente,
têm em vista o bem comum, os interesses do povo brasileiro.
Juvenal de Aguiar
– Diretor Estadual da APEOESP e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores de
Marília.
Maria
Elvira Nóbrega Zelante - Professora Aposentada
Mariana
C. Broens - Professora da UNESP.
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