Paulo Freire, presente!
Paulo Freire, presente!
Na retomada dos trabalhos presenciais na Assembleia Legislativa
de São Paulo, nosso mandato popular promoveu na sexta-feira, 17 de setembro,
sessão solene em homenagem aos 100 anos de nascimento do educador Paulo Freire,
observando limitação de público, distanciamento e demais protocolos sanitários.
Homenagear Paulo Freire significa homenagear o que o povo
brasileiro tem de melhor. Significa celebrar a esperança em um país melhor,
mais justo, no qual a educação e a cultura sejam o fio que tece a formação da
cidadania e a construção de um futuro no qual cada pessoa possa viver com
dignidade, desenvolvendo todo o seu potencial.
Nascido em Recife, Pernambuco, em 19 de setembro de 1921, Paulo
Freire construiu uma trajetória de amor ao ser humano. Até sua morte, em 2 de
maio de 1997, na cidade de São Paulo, ele foi um humanista militante e sua
enorme contribuição para a educação e a cultura ultrapassaram fronteiras e são
uma referência mundial.
Patrono da educação brasileira, Paulo Freire é respeitado e estudado
em todos os continentes. Na Finlândia, por exemplo, uma das referências atuais
em qualidade da educação, seu nome batiza um centro de estudos, no qual
educadores se debruçam sobre a sua obra, que também é estudada em universidades
americanas. Seu método de alfabetização, criado há quase 60 anos, é utilizado
em diversos países e continua a ser altamente relevante nos estudos e debates
pedagógicos.
Paulo Freire recebeu pelos menos 35 títulos de Doutor Honoris
Causa em universidades da Europa e América. Entre tantas outras distinções,
recebeu o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz, em 1986. Sua obra, mais
conhecida” Pedagogia do Oprimido”, foi traduzida em mais de 30 línguas e
expressa uma concepção que verdadeiramente revolucionou pedagogia mundial.
Para Paulo Freire, o educando não é uma folha em branco. Por
mais iletrada que seja, toda pessoa carrega em sim conhecimentos que são frutos
de suas vivências, de sua experiência de vida. Sua proposta é alfabetizar e
educar partindo da realidade concreta e das vivências do educando, pois o
processo educativo é acima de tudo uma troca. Uma de suas frases mais famosas
diz: “Ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo. Os homens se educam
entre si, mediatizados pelo mundo”.
Por suas ideias, pela sua ação pedagógica e política, porque
para ele tudo é política e a própria neutralidade é um posicionamento político,
foi perseguido pela ditadura militar, preso e exilado de 1964 a 1985, período
no qual, entre tantas outras atividades, trabalhou no Instituto Chileno para a
Reforma Agrária, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), foi
consultor do Conselho Mundial das Igrejas em Genebra (Suíça) e deu consultoria
a governos de diversos países, sobretudo no continente africano. Foi também o
período em que escreveu “Pedagogia do Oprimido”.
Mesmo 24 anos após sua morte, Paulo Freire continua sendo alvo
do ódio e da intolerância de uma direita obscurantista que insiste em conduzir
o país para a rota da ignorância e do atraso. Mas nós estamos aqui para defender
o seu legado e continuar a sua obra, até a total emancipação do povo
brasileiro, a quem ele dedicou toda a sua vida.
Professora
Bebel
Presidenta da APEOESP
Deputada estadual - líder da bancada do PT na ALESP
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