O negacionismo militante do Secretário da Educação.
O
negacionismo militante do Secretário da Educação.
Esta semana as redes sociais e os meios de comunicação foram
inundados com estarrecedoras imagens de 4 mil diretores de escolas da rede
estadual de ensino aglomerados em um centro de convenções de Serra Negra, sem
distanciamento social e sem qualquer tipo de controle ou protocolo sanitário. O
local não dispõe de ventilação natural e não tem janelas.
O encontro presencial, realizado em plena pandemia, foi uma
iniciativa do secretário estadual da Educação, com o declarado propósito de
“orientar” os diretores na implementação do que o governo estadual chama de
“novo” ensino médio. Na realidade, correm fortes comentários de que o
verdadeiro objetivo foi o de produzir imagens a serem utilizadas na campanha
eleitoral de 2022 e, para tanto, uma claque foi estrategicamente acomodada para
ovacionar o secretário, enquanto a maioria dos diretores se mantinha
indiferente.
Além de colocar em risco à saúde e à vida desses profissionais –
tendo em vista que o Brasil ainda registra diariamente em torno de 500 óbitos
por covid 19 – ficou evidente o caráter eleitoreiro do encontro, que se
destinou também a “enquadrar” o conjunto dos diretores de escolas na aplicação
da reforma do ensino médio e demais programas excludentes do governo
Doria/Rossieli, como o Programa de Ensino Integral (PEI). Esses programas visam
a produção grandes números que possam ser usados na propaganda eleitoral em
2022, pouco importando que prejudiquem estudantes trabalhadores ou que rebaixem
a qualidade do ensino.
Os diretores ali presentes foram convocados. Ausentar-se poderia
significar represálias e, no caso dos diretores designados (não efetivos)
poderia custar-lhes a exoneração. O secretário, portanto, continua usando seu
poder para atentar contra a vida dos profissionais da educação, como fez ao
obrigar o trabalho presencial para todos, mesmo os que não completaram o ciclo
vacinal.
A pergunta que fica é: apesar de toda a propagando do governo
Doria, o que diferencia esse secretário de todos os demais negacionistas? O que
o diferencia da postura e atitudes do presidente da República e demais
integrantes do governo Bolsonaro em seu desdém pela defesa da vida? Oxalá não
acontece, mas se parte desses diretores tiverem se infectado nesse evento e
levarem o vírus para suas famílias e para as escolas, a responsabilidade por
esse fato estará claramente colocada.
Por essa razão, e antevendo as lamentáveis cenas que estão sendo
divulgadas, ingressei no Ministério Público antes de o encontro acontecer, para
tentar evitar sua efetivação e para que as responsabilidades sejam devidamente
apuradas. Fotos e vídeos que mostram aglomeração, falta de controle e
inobservância de protocolos sanitários foram anexados à representação.
Não é possível que frente a tantas necessidades urgentes nas
escolas estaduais, entre elas as medidas estruturais e emergenciais necessárias
para a prevenção da disseminação do novo coronavírus, o secretário da Educação
gaste um alto volume de recursos para autopromoção e para a imposição de
programas educacionais que retiram dos estudantes o direito de acesso ao
conhecimento e á formação integral e integrada de que necessitam.
Expresso, portanto, meu repúdio e o repúdio da APEOESP a essa
iniciativa inoportuna e inadequada e tomaremos todas as providências para que
não passe impune.
Professora
Bebel
Presidenta da APEOESP
Deputada estadual
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