Breve história da Articulação Sindical

Breve história da Articulação Sindical
A Articulação é uma tendência interna do PT constituída e lançada oficialmente no 3º Encontro Nacional do PT, em 1983, que conseguiu ser majoritária em praticamente toda a trajetória do partido.
Surgida do 3º Encontro Nacional do PT, a Articulação -  Unidade na Luta é uma tendência interna do PT. Sua origem está na reunião dos signatários do “Manifesto dos 113” que reuniu militantes petistas independentes, atuantes em sindicatos, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), além de ex-integrantes de organizações de esquerda e que ficou conhecida como Articulação dos 113 ou Articulação. Em seu primeiro manifesto público, o Manifesto dos 113, defende um PT de massas, de luta e democrático.
Sua formação e trajetória inicial fundaram-se na crítica à maioria das organizações de esquerda que aderiram ao partido, e que inicialmente caracterizava o PT simplesmente como uma frente legal no interior da qual seria possível reaglutinar a esquerda clandestina.
A Articulação surgiu como contraponto às organizações que encaravam o PT meramente como um partido tático, quer seja na perspectiva de diluí-lo em uma frente oposicionista liberal, a exemplo do PMDB, ou por uma proposta semelhante a um “socialismo de quadros” sem trabalhadores, como o PDT. Havia ainda, organizações políticas com orientações marxistas e leninistas para as quais o Partido deveria funcionar à sua própria imagem e semelhança e outras que utilizavam o PT como partido tático para formação de seus próprios partidos. Numa leitura distinta, a Articulação compreendia e construía o PT como o instrumento a partir do qual se poderiam operar transformações profundas na sociedade brasileira.  A Articulação passou, assim, a ser o maior campo na defesa da construção do PT como partido estratégico para a classe trabalhadora.
A adesão à Articulação segue o princípio da adesão por pensamento. Isto significa que as pessoas defendem as ideias à tendência apenas naquilo que estão de acordo. Delas não são cobradas adesões por decisão de maioria, mas apenas por solidariedade militante as ideias debatidas e decididas pela tendência. A busca pela unidade recusa a ideia de centralismo democrático leninista e se acenta no conceito de consenso progressivo, ou seja, o permanente debate democrático para formar convicções.

Um traço característico que marcou a trajetória da Articulação foi sua rejeição ao chamado Centralismo democrática, sendo a adesão de militantes feita por compromisso político. Durante muito tempo a Articulação manteve a hegemonia do PT, defendeu seu caráter de massas agregado a necessidade de quadros dirigentes, táticas e estratégias para composição, afinação do discurso e a própria prática partidária.
Em 1986 a Articulação sofre sua primeira dissidência importante, que dá origem a corrente Poder Popular e Socialismo, posteriormente Vertente Socialista. Em contrapartida, no ano seguinte, recebe a adesão de parte dos militantes da Organização Socialista Internacionalista (OSI) de orientação trotskista, que passa a denominar-se O Trabalho. A adesão se deve a leitura sustentada por aquela parcela de militantes da OSI, que identificavam na formulação do programa democrático popular um paralelo direto com a estratégia preconizada pelo trotskismo, consubstanciadas num programa de transição, mas adaptado as condições especificas da formação social brasileira. Ainda nesse contexto, marcado por fortes disputas no PT, pela regulamentação de suas tendências internas, pela adoção do princípio da proporcionalidade na composição das direções do partido e em função de pressões da base da própria Articulação (a chamada “revolta dos bagrinhos”) , a corrente eleva seu nível de organicidade, realizando seminários nacionais entre 1988 e 1991. Ao mesmo tempo, esse processo acaba por expor diferenças internas ao grupo. A partir do I Congresso Nacional do PT (1991) essas divergências se exacerbam e, em 1993, resultam no lançamento do manifesto Hora da Verdade (Cândido Vaccarezza, Rui Falção e Sílvio Pereira).
O 1º Congresso Nacional do PT, em 1991, evidenciou divergências no interior da tendência, que se tornaram incontornáveis após o 8º Encontro Nacional, em 1993 e ocorreu um “racha” do qual surgiu a Articulação de Esquerda, e que apontava um suposto processo de moderação política da Articulação (que desde então, passava a denominar-se: Articulação — Unidade na Luta). A formação da AE, combinada a dissolução do Partido Revolucionário Comunista (PRC), da origem as correntes Nova Esquerda (NE) e Tendência Marxista (TM) — e também o afastamento da Convergência Socialista — que passou a engajar-se na formação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) — alteraram profundamente a correlação de forças interna no PT.
Num contexto em que nenhuma corrente detinha isoladamente a maioria no partido, uma composição formada por AE e Democracia Socialista — denominada Opção de Esquerda — e apoiada por outro campo de forças, denominado Na Luta PT (e que incluía correntes como Força Socialista e O Trabalho) acaba obtendo a maioria dos votos no plenário 8.º Encontro Nacional (1993), por margem muito pequena. Essa composição política se mantém como direção majoritária do partido até 1995.
Em 1995, em aliança com setores como Democracia Radical (originada da Nova Esquerda NE, que por sua vez havia surgido a partir da dissolução do PRC), a Unidade na Luta compõe o chamado Campo Majoritário, recuperando sua condição de direção majoritária a partir do 10º Encontro Nacional do PT – condição que ocuparia com relativa folga até meados de 2005. Este foi o coletivo responsável pela formulação da estratégia para conferir maior peso a candidatura petista na disputa eleitoral e por reforçar a necessidade de ampliação da política de alianças petista, ajudando assim na condução de Lula a presidência da República em 2002.
Majoritária no PT entre a segunda metade dos anos 1990 e 2000, a Articulação cabe o mesmo peso em relação as formulações e rumos do partido que aquela que lhe coube em meados de 1987. A síntese encontrada nas condições enfrentadas na década de 1990 e posteriores foi à chamada "estratégia de centro-esquerda" que confere peso a luta eleitoral e reforça a necessidade de ampliação do arco de alianças petista. Essas formulações, que parte do PT consideram reflexo de uma tendência de moderação política da corrente majoritária, firmaram-se, ao mesmo tempo, como aquelas que lograram conduzir Luiz Inácio Lula da Silva a Presidência da República em 2002.
A experiência do primeiro mandato de Lula na Presidência (2003-2006), combinado aos efeitos da crise enfrentada pelo partido em 2005, desencadeia um novo processo de reacomodação das forças no PT. Nesse contexto, parte dos membros da Articulação se afasta da corrente, somando-se a Mensagem ao Partido – campo que se considera a esquerda da Articulação no espectro ideológico petista e integrado também pela corrente Democracia Socialista. A maior parcela da Articulação, todavia, mantém o coletivo e passa a compor o campo Construindo um Novo Brasil, lançado nacionalmente no III Congresso Nacional (2007), preservando sua condição de campo hegemônico no PT.
Construindo um Novo Brasil (CNB) é um campo político do Partido dos Trabalhadores, sendo seu campo majoritário na direção nacional, bem como na maioria de suas direções regionais, englobando os militantes da Articulação - Unidade na Luta, além dos militantes do partido que se abstém do debate de tendências e algumas tendências regionais que fazem, não necessariamente, oposição a Articulação em seus respectivos estados, mas conglomeram-se a CNB no nível nacional.
O objetivo de fazer essa recuperação histórica tem mais o sentido, de nesta conjuntura, recuperar o papel que a CNB sempre teve nos momentos de crise e de necessidade de definições estratégicas do Partido.
A construção do PT foi e continuará sendo um processo coletivo, onde todas as forças políticas tem dado sua contribuição, mas é inegável que, até pelo fato da CNB ser majoritária, tem uma responsabilidade maior.
As resoluções da Direção Partidária sempre foram e continuará sendo a resolução da CNB. É por isto que temos o desafio de continuarmos imbuídos na organização do PT.
Depois do resultado eleitoral de 2016 no Estado de São Paulo, e da realidade da nossa organização, é papel da CNB se empenhar na reestruturação do nosso Partido, procurando organizar o PT na maioria das Macro e dos Municípios.
O PT em São Paulo precisa ter capilaridade, estratégias e formulação política que crie a identidade dos moradores do Estado com o partido, a partir de um Projeto de Desenvolvimento Econômico e Social a ser apresentado na próxima campanha. A CNB deve priorizar esta formulação juntamente com o enfrentamento que a conjuntura exige para barrarmos o golpe e todas as suas consequências na vida dos trabalhadores.
A CNB no estado de São Paulo tem militantes nos principais movimentos sociais e os principais quadros do movimento sindical.  É imperativo que neste processo de reorganização do PT e da CNB, busquemos uma articulação e a participação mais orgânica destes companheiros e companheiras na Direção da CNB no Estado e nas organizações partidárias. (Instâncias de Direção, Setoriais, Secretarias). Esse é um dos passos importante para trazer a agenda do movimento social para dentro das instâncias do partido e levar a agenda do PT para o movimento social.
As eleições de 2018 tem uma importância estratégica para o PT.  Se de um lado a direita tenta acabar com o Partido, para nós, deve ser o momento de recuperação de nossa imagem, da recuperação do nosso eleitorado e aqui no Estado de São Paulo, também o momento de acabar com a hegemonia do PSDB. Devemos discutir a eleição no Estado, as candidaturas majoritárias do PT e as candidaturas proporcionais com a importância que elas têm. A CNB deve buscar construir um processo organizado de debate de nossas candidaturas dentro do PT, procurando eleger o maior número possível...
Colaboração: Alessandro CUT – Juvenal APEOESP



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