Atordoantes retrocessos
Atordoantes
retrocessos
Na noite do dia 10 de julho, 397 deputados federais desferiram
na Câmara dos Deputados um ataque frontal contra a classe trabalhadora ao
aprovarem em primeiro turno a reforma da previdência de Bolsonaro. Aprovaram a
destruição do sistema de seguridade social no país e tornaram muito difícil o
direito à aposentadoria para os trabalhadores mais pobres e para nós,
professoras e professores.
Se aprovada em segundo turno na Câmara, a matéria irá para o
Senado Federal. Ainda há luta a ser feita. Devemos ser ainda mais ativos e
incisivos na nossa campanha contra a aprovação deste crime contra a classe
trabalhadora. Vamos continuar atuando e precisamos de todos e todas.
E mais: não podemos permitir que haja uma reforma da previdência
no estado de São Paulo, pois nós contribuímos mensalmente para a nossa
aposentadoria e o Estado é que não cumpre corretamente a sua parte, inclusive
desviando recursos da educação. Reforma da previdência, aqui em São Paulo, não.
Doria retira transporte escolar
Os retrocessos no Brasil e no estado de São Paulo
continuam. A decisão do governo Dória de cortar ônibus fretados para
milhares de estudantes da rede estadual denota, acima de tudo, insensibilidade
com pessoas que necessitam de muito apoio do Estado. Políticas públicas relativas
à educação são muito sensíveis. Primeiro, porque envolvem, sempre, um número
muito grande de pessoas: a rede pública estadual de ensino tem quase 4 milhões
de estudantes. epois, porque seus destinatários são, em sua maioria, crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Tomar decisões sem prévia comunicação dos responsáveis, sem
planejamento, sem um cronograma compreensivo com as dificuldades dos estudantes
e suas famílias é uma maldade sem fim, que não colabora com a necessária
confiança que deve pautar a relação entre Estado e sociedade civil.
Finalmente, entre tantos ataques, na calada da noite, o
Senado Federal aprovou no dia 3 de julho a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC 141), de 2015, que deu origem à Emenda Constitucional (EC) nº 101/2019.
Não por acaso a aprovação se deu em pleno processo de tramitação da PEC 6/2019,
proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro.
Não à militarização das escolas
A EC 101 permite que policiais dos estados possam acumular
cargos públicos nas áreas da saúde e da educação.
Corroborando opinião veiculada pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE), repudio o uso desse projeto, que estava
parado no Congresso Nacional desde 2015, como moeda de troca na aprovação da
reforma da Previdência.
O tema do acúmulo de cargos públicos, sobretudo na área da
educação, é complexo e mereceria um debate maior e mais profundo. Não se trata
simplesmente de atividades em sala de aula, mas envolve comprometimento com o
projeto político-pedagógico da escola, formação continuada e uma série de
tarefas que exigem tempo e dedicação quase exclusiva. Assim como a CNTE,
preocupo-me o uso que Estados e Municípios possam fazer da nova legislação para
substituir professores por militares.
Paralelamente à aprovação da EC 101, o MEC (Ministério da
Educação) anunciou em 11 de julho que pretende implementar 108 escolas
militares no país até 2023. Chamadas de escolas cívico-militares pelo MEC, o
modelo prevê a atuação de equipe de militares da reserva no papel de tutores.
É preciso que os militares tenham a formação específica
necessária para exercer o magistério e serem concursados. Preocupa-nos, muito,
a tentativa de militarizar a gestão das escolas e vamos reagir vigorosamente
contra isso.
Professora Bebel
Presidenta da APEOESP
Deputada Estadual
Comentários
Postar um comentário