Opressão não combina com educação
Opressão não combina com educação
As medidas anunciadas pelo Governador João Dória para a segurança nas escolas, de forma alguma respondem às expectativas e necessidades da comunidade escolar.
Sim, o policiamento externo é necessário, assim como câmeras e portões eletrônicos podem ajudar a aumentar a sensação de segurança, mas são medidas de atuam sobre as consequências do problema da violência e não sobre suas causas.
Não é colocando policiais da ativa ou da reserva dentro das escolas que conseguiremos identificar e reduzir os motivos que fazem com que estudantes das mais diversas idades agridam professores e também seus próprios colegas.
Nada tenho nada contra os policiais militares. São servidores públicos mal remunerados, sem treinamento adequado e expostos a riscos, tão abandonados pelo Estado quanto os professores. Ao transferir a eles a responsabilidade pela segurança nas escolas, o governo faz escolha simplista e populista.
A escola reflete os problemas da sociedade na qual está inserida. Porém, a escola é um espaço educativo, parte fundamental do processo civilizatório, e tem que produzir respostas no campo educacionais aos problemas que se colocam no seu interior. Não basta que sufoquemos os conflitos, pois eles ressurgirão futuramente, talvez em formas mais violentas. É preciso trabalhar na sua origem, para que seja possível mantê-los sob controle, se for impossível eliminá-los.
A escola precisa ser atraente para os estudantes, tem que fazer sentido para a sua vida e para o seu futuro. Tem que estar equipada e seus profissionais tem que ser valorizados para produzir ensino de qualidade. Tem que ter funcionários em número suficiente, bem preparados e que conheçam a comunidade na qual trabalham.
Precisamos de muitos mais professores mediadores, não como um apêndice, mas como parte fundamental do processo educacional, que inclui o enfrentamento da violência nas escolas, suas causas e consequências, processo este cooordenado democraticamente pelo conselho de escola. Esses educadores tem que ser capacitados para a tarefa de compreender a natureza dos problemas e enfrentá-los com o apoio dos demais servidores da educação, da família e da comunidade.
Infelizmente, o programa de mediação escolar e comunitária foi reduzido por sucessivas gestões na Secretaria da Educação, mas vinha produzindo bons resultados. Como Presidenta da APEOESP, venho reiteradamente solicitando sua ampliação. Como Deputada Estadual, apresentei projeto de lei para institucionalizá-lo.
Governador, deixe a polícia fora das nossas escolas. Nós precisamos de soluções verdadeiras para os problemas reais da educação pública no estado de São Paulo.
Professora Bebel
Presidenta da APEOESP
Deputada Estadual
Presidenta da APEOESP
Deputada Estadual
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