Projeto de ‘Escola sem partido’ em Campinas prevê 'mordaça' a professores

Projeto de ‘Escola sem partido’ em Campinas prevê 'mordaça' a professores
Começou a tramitar na Câmara de Campinas um projeto que promete gerar muita polêmica. De autoria do vereador Tenente Santini (PSD), o projeto estabelece as regras que fundamentam a ideia de ‘Escola sem partido’ – que, entre outras restrições, vai proibir o professor de estimular que alunos participem de manifestações, atos públicos ou passeatas.
O professor também não poderá emitir opiniões pessoais sobre fatos históricos, ideologias ou movimentos religiosos.
O projeto impede ainda que o poder público se envolva em questões relacionadas à orientação sexual e inibe iniciativas que abram a possibilidade de aplicação da chamada ideologia de gênero.
Apesar de restritiva, o vereador diz que a proposta “prepara o aluno para o exercício da cidadania”, já que estaria baseado “nos princípios de neutralidade política, ideológica e religiosa”. Segundo ele, tem o objetivo de promover a “proteção integral da criança e do adolescente”.
Desde os meus 11 anos, estudei em escola militar, com uniforme e coronéis e majores como professores. E nunca eles fizeram apologia a ditadura ou pregavam a ideologia de Direita”, disse.
De acordo com o vereador, professores de escolas públicas e particulares de todo o país, usam as aulas para promover “lavagem cerebral” dos estudantes.
“Eu recebi pelo menos 50 mensagens no wattsApp mostrando provas em que o professor parte do princípio de que o capitalismo é ruim e o socialismo é o regime ideal”, diz. “Eles não podem fazer isso”, avalia.
Santini diz que o projeto não significa mordaça aos professores. “Quem fala que é mordaça é porque nunca leu sobre o assunto”, afirma.
Gênero
O projeto determina que o Poder Público não deve permitir práticas que supostamente seriam capazes de comprometer o desenvolvimento da personalidade em relação à identidade biológica. “Não podemos admitir que eles (professores) convençam as crianças de que todo mundo é igual”, diz.
Professor
O professor e sociólogo da PUC-Campinas, Arnaldo Lemos, considera a proposta “um absurdo”. Segundo ele, propostas deste tipo podem resultar numa “escola de pensamento único, típica do fascismo e pode se transformar num grande risco para a sociedade”, avalia.
“A tarefa do professor é justamente a de estimular a capacidade de leitura do mundo”, acrescenta Lemos. “Do jeito que se quer, a escola vai perder o senso crítico e isso fortalece o autoritarismo”, finaliza o professor.

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