Bolsodoria: as duas faces da mesma moeda
Bolsodoria: as duas faces da
mesma moeda
O Brasil e o estado de São Paulo têm sofrido
profundamente com as consequências do desmonte das políticas públicas
provocado por Jair Bolsonaro (PSL) e João Doria (PSDB). A dupla está empenhada
em confirmar o que as expectativas mais pessimistas projetavam: a implantação
de uma agenda de retrocessos.
Apesar de o governador paulista tentar se
afastar do slogan "Bolsodoria", do qual se valeu fartamente nas
eleições, o cenário persiste. E o jogo da imitação vai bem além da flexão de
braço que os dois protagonizaram como um verdadeiro show durante visita ao
Comitê Paralímpico em São Paulo em junho. Na administração pública, as ações do
presidente ecoam no Palácio dos Bandeirantes.
Foi assim, por exemplo, com a redução
do poder dos conselhos de participação social. Criados para tornar a gestão
pública mais transparente e para incrementar a legitimidade das decisões do
Estado por meio da participação dos cidadãos, esses conselhos passaram a
incomodar o presidente Bolsonaro, que tentou exterminá-los por meio de decreto,
o que só não aconteceu por decisão do STF. Em São Paulo, Doria também repetiu o
movimento, desidratando espaços participativos importantes, como o Condephaat.
Na educação, o “Bolsodoria” é ainda
mais assustador. O presidente não esconde de ninguém seu ódio às universidades
federais. Vale lembrar que a expansão do ensino superior gratuito durante os
governos do PT possibilitou que jovens das periferias e do interior do país
chegassem, finalmente, à universidade, mudando seu próprio destino e o de suas
famílias. Isso sem falar na relevância dessas instituições na pesquisa
científica no Brasil. Mesmo assim, Bolsonaro anunciou o contingenciamento de
verbas na educação. Em resposta, milhões de pessoas foram às ruas, em maio,
protestar contra os cortes.
Em São Paulo, Doria, como de costume,
seguiu a “tendência” e reduziu programas importantes como o transporte escolar
por ônibus fretado e o programa de mediação escolar, fundamental para que a
escola não seja palco de cenas de violência, como o caso do aluno que agrediu
uma professora em Carapicuíba.
Além dos cortes, Doria repete os
governos tucanos anteriores e desvia os recursos da educação para o pagamento
de inativos. Foram R$ 2,8 bilhões somente este ano. Com escolas em péssimas
condições de infraestrutura, professores com salários totalmente defasados e o
aprendizado dos alunos em risco, o governador ainda acredita que a educação
não precise dos 30% assegurados por lei.
Agora, mestre e discípulo anunciam que
militares passarão a fazer parte do ambiente escolar. O governo federal quer
implementar 108 escolas militares no país até 2023. Detalhe: com militares da
reserva no papel de tutores, sem a formação específica necessária.
No estado, Doria anuncia que policiais
militares serão os responsáveis pela segurança nas escolas. Trata-se de uma
decisão simplista e populista, já que a solução para o problema da violência
demanda um processo educativo, em um ambiente de formação, não de punição e
controle.
Enfim, são tantos os descalabros que,
segundo pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada no último dia 8, a
educação é hoje a principal preocupação dos brasileiros. Não podemos esperar
pela próxima ”dobradinha”. Juntos - educadores, estudantes, as famílias e a
sociedade— temos que dar um fim a esse pacto de destruição. Transcrito do
Boletim APEOESP – Urgente!
Comentários
Postar um comentário