Nossa denúncia: Doria manda recolher material didático
Nossa
denúncia: Doria manda recolher material didático
Nesta
semana o Governador João Doria foi obrigado a mandar retirar da rede o acesso
às cartilhas da coleção “Aprender Sempre”, destinada aos estudantes da rede
estadual de ensino. A medida foi tomada a partir do momento em que nosso
mandato popular denunciou que havia conteúdo de propaganda política e
partidária nesses materiais.
Na
cartilha de Língua Portuguesa e Matemática, constava um texto que associa
explicitamente o nome do Governador João Doria a determinado programa
governamental. Na sequência, uma das perguntas formuladas obriga o estudante,
necessariamente, a escrever o nome do governador.
Na de
Ciências Humanas, foi reproduzido um texto de um blog da internet, com claro
posicionamento político conservador, datado de 2011, denominado “Transposição
do São Francisco: um pecado petista...”. O texto critica a transposição do Rio
São Francisco, qualificando o governo de então de “populista”, sem espaço para
o contraditório. Por que reproduzir em 2019 um texto de 2011? A intenção
política está explícita.
O
fato é que o Presidente Jair Bolsonaro e o Governador João Doria, constituem
duas faces da mesma moeda (Bolsodoria). Ambos insistem em afirmar que os
professores doutrinam os estudantes das escolas públicas com ideias de
esquerda, como apregoam os defensores do movimento “escola sem partido”.
Isso
não passa de uma farsa e de uma mentira. Primeiro, porque os professores
cumprem seu papel de formar crianças e jovens para a cidadania, para o mundo do
trabalho e para a vida, com os princípios definidos pela Constituição e pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: a liberdade de ensinar e
aprender e a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas. Segundo, porque
nossos estudantes não são, de forma alguma, uma tabula rasa ou uma folha em branco
na qual o professor possa inscrever o que bem entende.
Hoje
nossos jovens têm acesso a múltiplas fontes de informação e, sim, contestam e
se contrapõem a seus professores em tudo aquilo do que discordam. Ao tentar
desqualificar os professores, desqualificam também os estudantes com os quais
dizem se preocupar.
Na
realidade, quem vem procurando doutrinar e impor um pensamento único,
político-partidário nas escolas, utilizando o poder do Estado, são esses
governantes. Ao sufocar o livre debate nas salas de aula e outros espaços
escolares e massacrar a gestão democrática da educação, que é um princípio de
grandeza constitucional, querem fazer prevalecer apenas sua visão de mundo, por
meio dos materiais pedagógicos e outros instrumentos.
A
tentativa do Governador, interrompida pela nossa denúncia, demonstra isso. Onde
fica, então, a pluralidade de ideias nas escolas, que o movimento escola sem
partido, Bolsonaro e Doria dizem defender? Não passa de uma balela. É
inaceitável que materiais pedagógicos, distribuídos pelo Governo, possuam esse
tipo de conteúdo e direcionamento.
Professora
Bebel
Deputada Estadual
Presidenta da APEOESP
Deputada Estadual
Presidenta da APEOESP
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