Brasileiros já empobrecidos enfrentam a pior tragédia.
Brasileiros já empobrecidos enfrentam
a pior tragédia
Vivemos tempos difíceis. O Brasil já caminhava para uma
recessão desde o golpe de 2016, quando começou a se afastar do projeto
bem-sucedido dos governos do PT para cair nas mãos de entreguistas, golpistas
e, posteriormente, nas da extrema direita olavista que, por um lado, com seu
projeto neoliberal, ataca trabalhadores, beneficiários de programas sociais, salários,
a CLT, o serviço público, o patrimônio
nacional, a pequena agricultura, os movimentos sociais, a universidade, o meio ambiente;
por outro, com seu obscurantismo
medieval, ataca a cultura, a arte, a
diversidade de gênero e étnica, as
religiões de matriz africana, a ciência, a tecnologia, transformando nosso país
num espaço de cultivo ao ódio, à ignorância, ao falso moralismo, ao egoísmo, à intolerância e à decadência
econômica. Não bastasse tudo isso, para aprofundar de vez a recessão, o país se vê agora às portas de uma tragédia
maior que penetra de mansinho nosso território, mas, aos poucos, vai atingindo uma
capilaridade tal que coloca em crise os pilares de uma sociedade capitalista: a
economia, o mercado financeiro, a política. Estamos às voltas com uma pandemia
que se espalha com rapidez espantosa e para a qual ainda não há vacina nem
medicamento comprovado.
Todos os valores até então cultivados pelo governo atual
tornaram-se ineficazes, pois a livre concorrência, o estado mínimo, as perdas
de direitos e garantias, os ataques à Educação, à Ciência, à Saúde e à Tecnologia
tornaram-se um obstáculo para o
enfrentamento da doença.
Agora é necessário união, planejamento, respeito à Ciência, à
Organização Mundial da Saúde aos profissionais da Saúde. Agora, o objetivo
maior é salvar vidas e o grande problema é que para salvá-las vai ser
necessário quebrar toda a lógica com que o governo estava trabalhando até
então.
Com seu plano econômico errático, muitos brasileiros ficaram
desempregados, sem carteira assinada, sem aposentadoria, sem bolsa família,
caindo na “uberização”, na informalidade. Para sobreviverem, muitos brasileiros
saem às ruas à procura do consumidor, abrindo barraquinhas nas calçadas,
colocando seus produtos em seus carros, carriolas, tapetes e fazendo destes instrumentos suas lojas. Mas tudo isso veio água abaixo. O
vírus exige isolamento! As pessoas precisam ficar em casa para impedir a rápida
disseminação da doença que traria o colapso do serviço público. Se não houver
isolamento, muitos acabarão morrendo em
casa, sem ter atendimento hospitalar ou serviço funerário, pois ambos estariam sobrecarregados.
Mas, como ficar em casa, se a economia da informalidade exige
movimento, circulação de pessoas? Como vão sobreviver sem trabalhar?
Este é o grande desafio para o governo. O Estado precisa
garantir uma renda mínima para que as pessoas fiquem casa. Mas não só isso.
Precisa garantir que empresas não “quebrem”, que trabalhadores não sejam
demitidos, que infectados não se misturem com quem não o está. Para isso vai
precisar de muita eficiência, experiência, visão estratégica. Vai precisar
contar com tudo aquilo que sempre desprezou: a Ciência, os programas sociais, a
solidariedade, o pensamento coletivo. Infelizmente o nosso presidente não tem
contribuído para que os problemas sejam resolvidos a contento. Contrariando
todas as orientações da OMS, Bolsonaro sai às ruas, cumprimenta pessoas,
estimula a volta ao trabalho. Parece que não se conscientizou do seu papel para
enfrentar com inteligência e coragem uma grande tragédia nacional e mundial. O PT, com sua experiência em programas
sociais, rede de proteção social, boa governança tem oferecido ideias
excelentes. Graças ao PT e aos demais partidos da esquerda, foi aprovada a
renda mínima emergencial, que precisa chegar com urgência nas mãos dos cidadãos
brasileiros para que muitos possam sobreviver. O governo ventilou oferecer
apenas R$200,00 reais, mas por pressão dos partidos de esquerda o valor subiu
para R$ 600,00 até R$ 1200, 00. De agora em diante várias decisões
parlamentares e governamentais surgirão para darem sustentação à luta pela
sobrevivência neste período tão duro pelo qual vamos passar.
Neste momento crucial muitos estão percebendo que o Brasil
sofreu um duro ataque ao apoiar o golpe contra Dilma. Seria mais fácil
enfrentar esta pandemia com um governo sério e competente, que coloca o ser
humano em primeiro lugar. Mas o importante agora é que prevaleça a ajuda mútua,
a força e a coragem. Somos um só povo em busca de sua sobrevivência. A reconstrução virá depois, quem sabe com um
novo olhar e uma nova visão de mundo.
Prof. Juvenal de
Aguiar - Diretor Estadual da APEOESP e Maria Elvira Nóbrega Zelante –
professora aposentada, militantes do Partido dos Trabalhadores e Membros da
Executiva Municipal de Marília.
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