A vitória de Pirro da PGE
A vitória de Pirro da PGE
A Procuradoria
Geral do Estado (PGE), chefiada pelo senhor Elival Santos, publicou nota
qualificando de “importante vitória” a decisão do Diretor da Sessão de Direito
Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, Desembargador Ricardo Henry
Marques Dip, cujo mandato se encerra no próximo dia 31 de dezembro, deferindo
um recurso extraordinário do Governo Estadual que suspende a execução da
sentença de 2a. Instância obtida pela APEOESP em ação coletiva para pagamento
do reajuste de 10,15% para equiparação do salário base do magistério estadual
ao piso salarial profissional nacional.
Não foi uma vitória. E o Procurador
Geral sabe disso. Se ele respeita e cumpre a Constituição Federal sabe
perfeitamente que o Governo do Estado de São Paulo, o mais rico da Federação,
está na ilegalidade, pois não paga às professoras e aos professores da rede
estadual de ensino o piso nacional. Sabe também que a partir de janeiro os
salários da nossa categoria estarão em torno de 16% inferiores ao piso salarial
profissional nacional. Uma vergonha, quando sabemos que muitos estados muito
mais pobres neste país cumprem a lei federal e pagam aos seus professores o
piso nacional.
Trata-se de um expediente meramente
protelatório, como tantos outros que o Procurador Geral, Elival Santos obteve
no passado, sempre no sentido de negar direitos aos professores e à população.
Lembro que na questão do pagamento dos dias parados na greve de 2015, com a
mesma arrogância de agora o Procurador garantiu que o Estado não pagaria, mas
foi obrigado a pagar, graças à luta e persistência da APEOESP, que venceu no
Tribunal de Justiça e também obteve liminar do então Presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowsky.
Como
pode o senhor Elival Santos, a quem cabe zelar pela legalidade, considerar uma
importante vitória o descumprimento de uma lei federal? Como pode comemorar uma
vitória contra os professores, categoria que está há mais de três anos sem
reajuste salarial? Se ele acha isto uma vitória, eu considero que é uma
derrota. Para ele, não para nós.
O senhor Elival, na nota que
publicou, anuncia a decisão como definitiva, terminativa. Isto não é verdade. O
governo obteve um recurso extraordinário, por meio de uma decisão monocrática
de um Diretor do TJSP em final de mandato (e não do juiz responsável pelo
processo). Uma decisão provisória, até que sejam recompostos os cargos
dirigentes do Tribunal, o que deve ocorrer no início de 2018, quando termina o
recesso do judiciário. A APEOESP já protocolou recurso e a matéria deverá ter
outro tipo de tramitação na retomada dos trabalhos do tribunal.
Chamo também a atenção para o fato de
que esta matéria – a execução da lei 11.738/2008, que instituiu o piso salarial
profissional nacional – está pacificada no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e
STF. Não há argumento contábil nem numerologia que possa explicar porque o
estado de São Paulo paga salários inferiores ao piso salarial profissional
nacional. Isto é uma falta de vergonha.
Nós, da APEOESP, já protocolamos
recurso no STJ e vamos ganhar. Se o senhor Elival realizar esta contenda nos
tribunais superiores, se a eles recorrer, sabe que perde. Não tenho dúvidas
quanto a isso.
Infelizmente,
alguns juristas têm se prestado a um triste papel de arrogância em relação a
uma categoria que tem importância vital na nossa sociedade, mas que não é
arrogante. Juristas que, como o senhor Elival dos Santos, foram formados por
esta categoria e deveriam respeitá-la. No entanto, o Procurador Geral gaba-se
de uma vitória contra os professores. Que vitória é essa? Uma vitória de Pirro,
Vamos ver até onde vai essa
vitória. Se nós não conseguirmos este reajuste nos tribunais, vamos consegui-lo
nas ruas, na luta, como sempre fizemos.
Maria Izabel Azevedo Noronha – Bebel
Presidenta da APEOESP
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