ESCOLA SEM PARTIDO: ESTRATÉGIA GOLPISTA PARA CALAR A EDUCAÇÃO
ESCOLA SEM PARTIDO: ESTRATÉGIA GOLPISTA PARA CALAR
A EDUCAÇÃO
por Claudia
Dutra e Camila Moreno — publicado na Carta Capital online em
08/08/2016
O projeto da direita para a educação dissemina concepções
e práticas preconceituosas, discriminatórias e excludentes
É no contexto do golpe
político em curso no Brasil desde 2016 que situamos a análise do Projeto
Escola Sem Partido. Esse projeto visa eliminar a discussão ideológica no
ambiente escolar, restringir os conteúdos de ensino a partir de uma pretensa
ideia de neutralidade do conhecimento.
Trata-se de uma elaboração
que contraria o princípio constitucional do pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, assim como o da liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, considerando como válidos determinados conteúdos que servem à
manutenção do status quo e como doutrinários aqueles que
representam uma visão crítica.
Em recente Nota Técnica, o Ministério Público considera que o
Projeto de Lei Escola sem Partido é inconstitucional porque “está
na contramão dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
especialmente os de ‘construir uma sociedade livre, justa e solidária’ e de
‘promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”.
É importante dizer que dois
projetos idênticos tramitam na Câmara e no Senado Federal, de autoria do
deputado Izalci (PSDB-DF) e do senador Magno Malta (PR-ES), respectivamente,
que pretendem alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para a inclusão
do “Programa Escola Sem Partido”.
O complemento
ao cerceamento da liberdade de aprender e ensinar fica por conta do
PL de autoria do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que pretende alterar o Código Penal, para inclusão de detenção de
três meses a um ano para professor, coordenador, educador, orientador
educacional ou psicólogo escolar que praticar o dito “assédio ideológico”.
O movimento político de direita
na educação, “Escola Sem Partido”, que dissemina concepções e práticas
preconceituosas, discriminatórias e excludentes, foi impulsionado nacionalmente
para propagar ideia de que os estudantes são alvo de doutrinação política e de
que os valores morais da família são afrontados por uma suposta ideologia
de gênero na escola. [...]
A ideia central do
projeto Escola sem Partido é de que seria possível e desejável uma
desvinculação entre os conhecimentos científicos e os posicionamentos
ideológicos, políticos e culturais.
O que o projeto Escola sem Partido faz, porém, é delimitar, a partir de
um único ponto de vista, o que é considerado ideológico e o que é válido como
conhecimento científico, ignorando que todo conhecimento é fruto de uma
elaboração que atende às perspectivas sócio-histórico-político-culturais.
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