A Folha apoia as “pedaladas” do PSDB
A Folha apoia as “pedaladas” do PSDB
O editorial do
jornal Folha de S. Paulo, denominado “ensino engessado”, publicado no dia 9 de
junho, é uma demonstração eloquente de como funciona o mecanismo de blindagem
do Governo Estadual do PSDB em São Paulo por parte da grande mídia.
A Procuradoria
Geral da República (PGR) move uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra
o Governo Alckmin pela ilegal utilização de recursos da educação para pagamento
de inativos, por meio da SPPREV. Diante desta ação, a Folha de S. Paulo faz o
papel de anteparo do Governo Estadual, utilizando argumentos estapafúrdios para
justificar a lambança de Alckmin, entre eles a afirmação de que “tanto faz”
essa utilização indevida, porque só há “um Orçamento”.
A vinculação
constitucional de recursos para a educação, assim como para a saúde, é uma
conquista dos educadores e da população. No estado de São Paulo, a ampliação
desta alíquota para 30%, conforme prevê a Constituição Estadual, corresponde ao
papel estratégico do nosso estado no contexto nacional, ao tamanho de sua
população, à amplitude da rede estadual de ensino e às necessidades
educacionais do povo paulista, até o momento não equacionadas.
A Folha faz parte
do golpe
O ataque explícito
da Folha às vinculações constitucionais demonstra que ela está totalmente
afinada com o processo golpista em curso, representado por Michel Temer e muito
bem articulado com o PSDB, com o Governador Alckmin e outros atores políticos
que tem espaço privilegiado nas páginas do jornal. Como todos sabemos, o
programa do golpe que destituiu a Presidenta Dilma Rousseff é o documento
“Ponte para o futuro”, sendo um de seus pontos centrais justamente a
desvinculação de recursos para a saúde e a educação.
Também é notável
que o jornal Folha de S. Paulo tenha dado apoio explícito ao impeachment da
Presidenta da República por, supostamente, ter praticado as chamadas “pedaladas
fiscais”. Agora, acoberte e defende as nada sutis manobras do Governo Alckmin
com as verbas da educação. Quanta hipocrisia! Como podemos respeitar e levar a
sério um órgão de imprensa que procede desta maneira?
Estima-se que o
Governo do Estado já transferiu à SPPREV em torno de R$ 40 bilhões que deveriam
ser destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino, como qualificados nos
artigos 70 e 71 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Hoje,
a estimativa é que a educação esteja perdendo R$ 7 bilhões/ano. Quantas escolas
poderiam ser construídas? Quantas poderiam ser reformadas e atualizadas?
Quantos equipamentos seriam adquiridos? Quantos materiais pedagógicos? Quanto
poderia ser investido em formação, valorização salarial, aplicação da jornada
do piso, carreira dos profissionais da educação?
APEOESP solicitou
ingresso na ação da PGR
Em agosto de 2015, oficiei ao
Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, solicitando providências
em relação a esse desvio e outras irregularidades. Posteriormente, em dezembro
de 2016, o Ministério Público Estadual de São Paulo comunicou ao Procurador
Geral da República, solicitando providências quanto a tudo o que denunciávamos.
É possível, portanto, que novas iniciativas poderão ser eventualmente tomadas.
Vamos continuar trabalhando junto ao Ministério Público para que tudo seja
apurado e regularizado. Para tanto, nossa entidade protocolou junto ao STF
solicitação para participar da PGE como amicus curiae, agregando
novos elementos ao processo.
Defendemos educação
pública de qualidade, não privilégios.
Não se trata de
questionar o direito dos aposentados do magistério a uma remuneração justa e
digna, inclusive em paridade com os profissionais da ativa, princípio que a
APEOESP defende e pelo qual luta. É preciso lembrar que o(a) professor(a)
aposentado(a) contribuiu durante muitos anos para custear o benefício que hoje
recebe.
Trata-se, sim, de
exigir que o Estado de São Paulo cumpra a Constituição e a LDB quanto à
aplicação dos recursos na manutenção e desenvolvimento do ensino, destinando
verbas suficientes para assegurar a qualidade do ensino e para a remuneração
adequada dos profissionais da ativa.
A APEOESP também
denunciou a iniciativa do Governador Geraldo Alckmin de instituir a Lei nº
16004 /2015, que destina a receita proveniente da participação no resultado ou
compensação financeira pela exploração de petróleo e gás natural ao Fundo com
Finalidade Previdenciária da São Paulo Previdência – SPPREV, quando deveriam
ser destinados esses recursos à educação e à saúde. A APEOESP questiona na
justiça esta lei.
Não defendemos
privilégios, como acusa o editorial da Folha, mesmo porque não os temos. O
dinheiro da educação deve ser a ela destinado, cabendo ao Estado assegurar os
recursos para a correta e justa remuneração dos/as aposentados/as, uma luta constante
da APEOESP.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Presidenta da APEOESP
Texto publicado no Blog da Presidenta
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